IMAGENS DE carência NA OBRA 'A FORMA DOS DESEJOS'
1. (uma
prostituta fala a um cego)
tanto país de rumor
neste corpo
deslavado
2.
(um letreiro num prostíbulo)
o corpo o mundo a volta da bíblia
difícil d’escrever
3. (um homem para uma
mulher invisível
que se chama amor)
AMOR, meu grande amor,
já não posso fecundar-te, majestade
estou cansado e desenraizado
das paixões:
a.
a
cigarra encontra o seu canto
o verso mecânico
b. como isso, as gotas
padeciam
de fervura
deixa-me contar-te a ravina parida
no sul. Daqui saltam pedras excitadasapedrejam o fundo da questão:
o animal d’espírito em sua pele estonteante.
o perfil que se desmorona
púrpura colhida (n) a lavra da multidão
nos olhos da humidade ainda é noitettrilha esta palavrinha de pequenos peitos
retorna ao fundo inquieto dum belo cordeiro
.......................................
(guarda uma água minina
guarda mais parece tetade cabra. Orvalho que comi
é uma infância o TEMPO
este moinho breve)
a meio da carência,
balbuciando o mês despeja
a ressaca no barroalheios os poucos dias
do catecismo pedira
novos ciclos ovulares
a meio da carência
preste à ave atingi
o litoral sanguíneo
ó mulher nulípara
(inteiro ainda o fruto
do teu ventre entreos nativos
rompo já as vistas
pelo clima da
povoação)
assim é o grão
tamanho de sorvo
ousadiada estiagem
sinto
a casca
aflição hepá-
tica da
cifra
caseira
inflação
ementária,
assim é o grão
Dessalariado
da semana sem acordes cumprira
os dias conquistados
o mês dessalariado busca
os bolsos do labirinto:
trago nos bolsos da geração
o peso das calças
o ventre que soçobra no sonho da plebe
(tocando risos de
esperas libertáriassobre o dorso de
uma das ONG’s sub
alimento o ventre
aceite já p’la noite
esse divumu que
soçobra no sonho
da plebe)
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