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Tuesday, February 19, 2013


IMAGENS DE carência NA OBRA 'A FORMA DOS DESEJOS'
1. (uma prostituta fala a um cego)
tanto país de rumor
neste corpo deslavado

                                    2. (um letreiro num prostíbulo)

o corpo o mundo a volta da bíblia
difícil d’escrever

                    3. (um homem para uma mulher invisível
                        que se chama amor)

AMOR, meu grande amor,
já não posso fecundar-te, majestade
estou cansado e desenraizado

4. sou a paixão aberta
o meu pasto azul é o celeiro
das paixões:

a.       a cigarra encontra o seu canto
        o verso mecânico
 
                 b. como isso, as gotas padeciam
                     de fervura

deixa-me contar-te a ravina parida
no sul. Daqui saltam pedras excitadas
apedrejam o fundo da questão:
o animal d’espírito em sua pele estonteante.

o perfil que se desmorona

púrpura colhida (n) a lavra da multidão
nos olhos da humidade ainda é noitet
trilha esta palavrinha de pequenos peitos
retorna ao fundo inquieto dum belo cordeiro

.......................................

(guarda uma água minina
guarda mais parece teta
de cabra. Orvalho que comi
é uma infância o TEMPO
este moinho breve)

a meio da carência,

balbuciando o mês despeja
a ressaca no barro
alheios os poucos dias
do catecismo pedira
novos ciclos ovulares
a meio da carência
preste à ave atingi
o litoral sanguíneo

ó mulher nulípara

(inteiro ainda o fruto
do teu ventre entre
os nativos
rompo já as vistas
pelo clima da
povoação)

assim é o grão

tamanho de sorvo
ousadia
da estiagem
sinto
a casca
aflição hepá-
tica da
cifra
caseira
inflação
ementária,

       assim é o grão

Dessalariado

da semana sem acordes cumprira
os dias conquistados

o mês dessalariado busca
os bolsos do labirinto:

trago nos bolsos da geração
o peso das calças

o ventre que soçobra no sonho da plebe

(tocando risos de
esperas libertárias
sobre o dorso de
uma das ONG’s sub
alimento o ventre
aceite já p’la noite
esse divumu que
soçobra no sonho
da plebe)