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Sunday, October 25, 2009

Com Laura Padilha Cavalcanti em Salvador da Bahia
Aqui de novo, meus caros. Com minhas ilusões e com minha bagagem de palavras. Setembro foi aquele mês para lembrar - de férias no Brasil, Rio de Janeiro, e passei pela Bahia... Minto, eu quase morei lá. Tenho a impressão que qualquer angolano pode ser encontrado lá...
Integrei a delegação da União dos Escritores Angolanos (UEA) que se deslocou a Salvador para assistir ao XXII CONGRESSO INTERNACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROFESSORES DE LITERATURA PORTUGUESA. Memorável. Tudo para ficar. Sempre de lembrar.
Por hoje eu acrescento textos do poemário "Lugar Assim". Esse livro foi lançado no mesmo dia que o contário "Os Dias e os Tumultos" em 2004 e ficaria algo ofuscado por esse último que, no referido ano seria galardoado com o Grande Prémio de Ficção da UEA.
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1.
Apenas Palavras de Redenção
Os dia fundam breves caminhos sobre
as palavras.
Não reclamo palavras economizadas,
a grande fortuna, não.
(nem uma imagem profunda nem
um abismo em nós.)
Não reclamo palavras estafadas ou
mesmo ressentidas, marcadas de novas
cicatrizes, não.
Apenas reclamo palavras de redenção
guardadas entre as revoltas.
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2.
O David Mestre, Reconhecidamente
Foste de memória mais longe do que fará a morte.
Grande poeta! Grande pensamento. Sobre o teu
continente múltiplo marcavas o rosto da palavra.
Era esta a fortuna de palavras e ressaibos quando
as mãos fragmentavam o próprio suspiro/estilo?
Assim concluias a jornada: limpo mudo severo.
Qualquer poema traz-te da semente de volta ao chão;
por isso, David, vou já levantar-te do primeiro tambor.
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3.
Muitas Palavras
As mesmas palavras largadas ao chão cheias de
caminhos.
As mesma palavras esquecidas largadas nos
caminhos.
Palavras boçais repletas de tempestades.
Palavras insatisfeitas repetidas nos comícios
febris palavras convulsivas palavras complicadas
palavras vazias destemperadas incertezas;
o tédio das palavras muitas palavras!
Todas essas palavras como nos ofuscaram
ninguém mais se lembra. Esquecemo-las nos comícios.
Nunca mais lhes daremos o valor da palavra humana
com nossas vidas lidas nos comícios. Nunca mais.
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4.
Art & Ngoma
Tuas velhas mãos derrubam-me sobre o tambor.
Da hipotética morte, ressurgirei
desiquilibrado do pó; ante o evangelho melancólico
de teus tambores, majestade, ressurgirei.
E porque sou catequista recolho a notícia dos corpos
soltos no meu grito: do mundo apenas sei esse mexer
de coisas quebradas e a civilização do pó.