o gasto da semente I
Tuas mãos na água devolvem terra
à semente a plebe absorve a mente
dessa água temporal à forja da
semente esclarece a revolta e
o novilho amordaçado nos braços
da tempestade
o gasto da semente II
Tuas mãos na água recolhem terra
à boca, gesto pastoral, pacífico e
dá lugar à semente, deposita a
nuvem na pálpebra
onde irás buscar o coração
o novilho informal,
(n)os olhos da plebe
o gasto da semente III
deste verso refaço o poema da plebe. Este
mundo fortaleço da polpa dos meus dedos
quando escrevo com o coração na lavra;
ainda a página imortal - não calo o
meu idioma
nem esses ventos que recolho do mote
e palavras diminutas, sôfregas,
levadas à boca e cantadas no andar
da ovelha que ofereço à página.
ELA ARDE
os sonhos dela ardem e tornam-se vivos
vivos os nervos entre gotas do incêndio.
- ela arde e transpira os comícios à beira do leite.
virei beber o lume do seu corpo suado;
virei porque o amor arde de febre e não tem cura;
virei porque ela chora de branco apeada sobre a
própria noite. e vejo o seu corpo renovado.
AMAR DEMAIS
cantar rochas amar demais
entrar na revolução
como uma erupção
abordar o perfil de
dureza
com delírios de vida
e vagas explosões
desses barcos sufocados
pela vida
e rochas do homem
mal dizem os saberes:
quem canta rochas
vulcaniza a próstata.
1 comment:
Cheguei aqui através do blogue do meu amigo e poeta Décio. Foi bom descobri-lo aqui na net, já li a sua poesia que se traduz por uma lufada de ar fresco na bela e querida Poesia angolana. Parabéns, caro poeta.
Kandandu
Namibiano
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