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Friday, September 28, 2012

filosofia da mulher e do homem

os filósofos africanos disseram o corpo da mulher
                                                                   [abunda
como um espasmo;
o corpo do homem perde-se na abundância da
                                                                    [mulher
e fortalece espasmos como gritos à chuva.

temos as mãos pedindo à chuva que aguarde os
pastos. lá onde as nuvens tomam formas e lugares.
e o caminho por onde as nuvens entraram,
ramifica-se. apenas deixamos espalhados os
vocábulos da semente aprendendo doar vidas.

art & ngoma

tuas velhas mãos derrubam-me sobre o tambor.
da hipotética morte ressurgirei
desiquilibrado do pó; ante o evangelho melancólico
de teus tambores, majestade, ressurgirei.
e porque sou catequista recolho a notícia dos corpos
soltos no meu grito: do mundo apenas sei esse mexer
de coisas quebradas e a civilização do pó.

o que as mãos tropeçam

O meu salário é aquilo que as mãos tropeçam;
é um ganho insatisfeito.
Eis o meu caminho detrás de outro caminho.
Já o meu sonho é ganhar a época.
Repito o salário aquilo que as mãos tropeçam
destrocam-me o dilema em miúdos.
Hoje tenho tão só de ouvir o tempo com
as orelhas no esquecimento.
E canto como era a boca sem povo.
É este o caminho que não foi escutado.

in Lugar Assim
2004

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